Diogo “Gazella” Carvalho inaugura exposição na Escola das Artes

A exposição individual “O Dia em que Tarrare Comeu Che”, de Diogo “Gazella” Carvalho, inaugura a 3 de abril, quinta-feira, pelas 18:00, na Escola das Artes da Universidade Autónoma de Lisboa, com entrada gratuita.

Nesta exposição, que inaugura a programação anual da Escola das Artes, o artista multidisciplinar procura refletir sobre a condição dos artistas provenientes do contexto periférico e da indissociabilidade forjada (entre outros, pelas instituições) entre o trabalho produzido e esse mesmo contexto como acto de subsistência. Tendo por base um movimento antropofágico que digere e depois regurgita a contra-cultura num bolo, isto é, numa massa homogénea, “Gazella” lança as problemáticas: «Quando o (nosso) lugar à mesa está dependente de sermos a comida servida, será isso acesso? […] Poderá alguém proveniente de um contexto periférico falar sobre questões que se estendam para além da marginalização? Do trauma?»

Ainda nas palavras do artista, os trabalhos expostos em “O Dia em que Tarrare Comeu Che” questionam «o papel que cada pessoa desempenha neste processo […] Mais não seja, através da própria tentativa de denúncia que, estando ciente daquilo do qual faz parte, constitui-se – conscientemente – como apenas mais um elemento desse mesmo menu. O artista que, para se sustentar, permite-se ser devorado… eu».

Diogo “Gazella” Carvalho nasceu em 1997, em Lisboa, esta que o expulsa e à família para um subúrbio, a Linha de Sintra. A vida artística de Diogo começou cedo, mas só em França é que encontrou a visão artística e a sua maneira de pensar. Com várias exposições, Diogo chegara mesmo a ganhar um concurso nacional em França de banda desenhada. Nunca esquecera de onde cresceu, mergulha de cabeça em projetos audiovisuais sentidos e profundos e, em 2018, cria o coletivo artístico UniDigrazz com o músico Tristany e o artista plástico Onun Trigueiros, trazendo a frescura da “Sintranagem” ao circuito cultural português.

Produziu a capa de “Labanta Braço”, compilação de músicos negros promovida pela SOS Racismo. Em 2019, fez parte do projeto Lisboa Criola. Em 2020, concebeu a série “Baxu Ku Riba”, nomeada para melhor filme pelo festival Brasileiro Oficial Mimb-4o – Mostra Itinerante de Cinemas Negros. Foi responsável pela direção de videoclipes de Julinho KSD, Trista, Yuran e Kibow do grupo Instinto 26, e de Tristany. Em 2022, expôs no MAAT (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia), com o coletivo UniDigrazz na coletiva “Interferências”, com curadoria de Carla Cardoso, Alexandre Farto e Brito Guterres. Em 2022, participou com uma peça coletiva no IMINENTE MARSEILLE, com o kolectivo Unidigrazz, apresentando o “kintal”. Em 2022, cria o TEATRU DIGRA com o artista SEPHER AWK, desempenhando as funções de escritor e encenador. “UNDEU” é o nome da peça de teatro apresentado pela primeira vez no festival Ano0. Em 2022, realiza ainda a curta-metragem “Nha Fidju”, que esteve em exibição na exposição “Interferências” no MAAT e tendo sido, desde então, selecionada por vários festivais de cinema (Lisbon Film Rendezvous, Lift – off Global Network, Squardi – European Independent Short Film Night, Festival Estendal).

A exposição “O Dia em que Tarrare Comeu Che”, de Diogo “Gazella” Carvalho, integra o programa anual de exposições da Escola das Artes da Universidade Autónoma de Lisboa. O programa visa expor trabalhos de artistas emergentes, divulgando as mais diversas linguagens e expressões da arte contemporânea, e simultaneamente promover a transferência de conhecimento entre o contexto académico, o setor profissional e a sociedade civil.

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