Ao longo das últimas décadas, o curador de exposições tem vindo a ocupar um lugar cada vez mais influente no mundo da arte. Na realidade, este é o culminar de um processo de transformação da profissão cujo início remonta ao final da década de 1960 e início de 1970, e que está associado a um fenómeno e movimento assumidamente «contra» ou «anti»-museu.
Em Portugal, destacam-se sobretudo os anos 1980-1990 como o início desta proeminência, que tem vindo a ocupar um espaço cada vez mais relevante no panorama artístico, cultural e até mediático nacional. Muitas das práticas curatoriais a que hoje assistimos têm as suas raízes, de forma mais ou menos assumida, no trabalho desenvolvido por curadores que dirigiram instituições culturais, que provêm da academia ou que trilharam percursos singularmente independentes. Alguns, porém, parecem ter em comum formas de resistência às estruturas institucionais através da exploração de novas estratégias de apresentação e distribuição da arte contemporânea.
Por outro lado, a influência de alguns destes profissionais é igualmente visível no modo como os curadores contemporâneos constroem os seus percursos e procuram criar imagens marcantes através do seu corpo de trabalho. Às funções da exposição, conservação e divulgação da arte contemporânea, o curador dos nossos dias acumula outras tantas que lhe conferem poderes de legitimação e até financeiros, contudo, é na prática expositiva enquanto meio de expressão, reflexão sobre o mundo e intervenção que se centra este conjunto de sessões que reúne curados com trajeto profissional consolidado em diálogo com profissionais emergentes.
Neste conjunto de quatro sessões, propõe-se abordar as relações entre a multiplicidade de projetos expositivos, estratégias e programas críticos que situam a curadoria como uma das formas do trabalho e a configuram como prática fora da lei.