Para os historiadores, a História da Arquitetura é entendida, grosso modo, como o estudo da Arquitetura ao longo do tempo, declinada em narrativas que, sob uma determinada perspetiva e ao abrigo de etapas sucessivas, selecionam, organizam e sequenciam factos materiais e imateriais disciplinares. Disponibilizam, assim, vastíssimo manancial que permite a aproximação ao passado da Arquitetura, fundamental e útil enquanto conhecimento em si mesmo ou enquanto conhecimento circunscrito em focagem particular.
Contudo, para os arquitetos, a História da Arquitetura está longe de esgotar-se na abordagem dos historiadores, não apenas por serem distintos os respetivos campos de atuação e modos de ver, mas, sobretudo, porque os factos históricos da Arquitetura oferecem fonte inesgotável para o pensar e fazer arquitetónicos, para o processo de Projeto. Neste sentido, desde logo, poder-se-á dizer que à imensidade destes factos contrapõem-se constantes disciplinares além do tempo, isto é, são mais aqueles que as lógicas, matrizes, modelos e temas arquitetónicos subjacentes. E, assim sendo, mesmo que incontornável cada facto ao seu tempo próprio, é possível convocá-lo fora deste, seja nele reconhecendo situações específicas, seja equacionando tais situações com idênticas de tempos distintos, seja ainda transportando-as para outras contemporâneas ou do devir.
Dir-se-ia que para cada circunstância de Projeto – territorial, espacial, formal, expressiva, programática, material – encontram-se semelhantes no passado, recurso poderoso para o processo projetual. E quer isto também dizer que são possíveis idênticas pautas arquitetónicas de juízo crítico para qualquer fato arquitetónico em qualquer tempo. Talvez que para os arquitetos, mais do que a História da Arquitetura, mais lhes interessem as Arquiteturas da História. Bem como a inspiradora possibilidade de um Museu Imaginário para a atividade projetual.