Arquitetura e História, um Museu Imaginário
João Belo Rodeia
HORÁRIO

Setembro de 2024

6ª-feira
18:00–20:00

DURAÇÃO

10 horas | 5 sessões

LOCAL

Escola das Artes – Universidade Autónoma de Lisboa (Campo de Ourique)

Para os historiadores, a História da Arquitetura é entendida, grosso modo, como o estudo da Arquitetura ao longo do tempo, declinada em narrativas que, sob uma determinada perspetiva e ao abrigo de etapas sucessivas, selecionam, organizam e sequenciam fatos materiais e imateriais disciplinares. Disponibilizam, assim, vastíssimo manancial que permite a aproximação ao passado da Arquitetura, fundamental e útil enquanto conhecimento em si mesmo ou enquanto conhecimento circunscrito em focagem particular.

Contudo, para os arquitetos, a História da Arquitetura está longe de esgotar-se na abordagem dos historiadores, não apenas por serem distintos os respetivos campos de atuação e modos de ver, mas, sobretudo, porque os fatos históricos da Arquitetura oferecem fonte inesgotável para o pensar e fazer arquitetónicos, para o processo de Projeto. Neste sentido, desde logo, poder-se-á dizer que à imensidade destes fatos contrapõem-se constantes disciplinares além do tempo, isto é, são mais aqueles que as lógicas, matrizes, modelos e temas arquitetónicos subjacentes. E, assim sendo, mesmo que incontornável cada fato ao seu tempo próprio, é possível convocá-lo fora deste, seja nele reconhecendo situações específicas, seja equacionando tais situações com idênticas de tempos distintos, seja ainda transportando-as para outras contemporâneas ou do devir.

Dir-se-ia que para cada circunstância de Projeto – territorial, espacial, formal, expressiva, programática, material – encontram-se semelhantes no passado, recurso poderoso para o processo projetual. E quer isto também dizer que são possíveis idênticas pautas arquitetónicas de juízo crítico para qualquer fato arquitetónico em qualquer tempo. Talvez que para os arquitetos, mais do que a História da Arquitetura, mais lhes interessem as Arquiteturas da História. Bem como a inspiradora possibilidade de um Museu Imaginário para a atividade projetual.

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Tópicos principais
  • Origens do espaço arquitetónico a partir da interação da aventura humana com a paisagem terrestre, a paisagem astral, o recinto tribal e as materialidades disponíveis, ou seja, a conceptualização e regulação primordial do espaço arquitetónico entre territorialização, lar e construção;
  • Arquiteturas do primeiro classicismo, do Egipto à Roma Imperial, entre a sublimação progressiva da paisagem, os desafios de crescente diversidade programática (incluindo espaços públicos) e de novas materialidades (materiais e construção), as fixações tipológicas, até à cidade como arquitetura;
  • Arquiteturas medievais, sobretudo imóveis religiosos, entre a espiritualização de espaço e paisagem, o legado e sobrevivência clássicas, a respetiva transformação e adaptação em novos programas, e a estruturalização progressiva da materialidade;
  • Arquiteturas do humanismo, entre a recentração de espaço e paisagem no corpo humano, o papel do projeto e seus instrumentos, a reinvenção e transformação clássicas, a experimentação e conceptualização espacial, formal, programática e urbana, e a codificação construtiva e material;
  • Arquiteturas oitocentistas, entre a transformação de espaço e paisagem pelo maquinismo, a reorganização do conhecimento disciplinar, a tipificação e amplitude programáticas, o papel da tecnologia, as primeiras respostas à habitação, novos modelos de cidade, e a experimentação disciplinar.
PROPINAS

260, 00€

Condições de pagamento
O pagamento poderá ser efetuado na totalidade aquando da inscrição.

Condições especiais
Desconto de 10% para comunidade Autónoma
Desconto de 30% para early birds
Desconto de 40% para sub-23

CONDIÇÕES DE ACESSO

Sem condições de acesso.

INSCRIÇÕES

Número de vagas: 18

O curso apenas se realizará mediante um número mínimo de alunos inscritos.

João Belo Rodeia

João Belo Rodeia é arquiteto, docente e crítico de arquitetura. Atividade docente em Arquitetura desde 1984, atualmente no Departamento de Arquitetura da Universidade Autónoma de Lisboa (DaUal) e investigador no respetivo Centro de Estudos de Arquitetura, Cidade e Território (CEACT). Membro do European Architectural History Network (EAHN), da Associação Internacional dos Críticos de Arte (AICA) e da direção da respetiva Secção Portuguesa. Membro do DOCOMOMO International e do seu conselho consultivo. Foi Presidente do Instituto Português de Património Arquitectónico (IPPAR) e da Fundação DOCOMOMO Ibérico. Integra os conselhos consultivos da Galeria de Arquitetura NOTE e da Trienal de Arquitetura de Lisboa. Foi comissário científico da primeira edição da Trienal em 2007, bem como da Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Urbanismo em 2008. Foi Presidente da Ordem dos Arquitectos (OA) e do Conselho Internacional dos Arquitetos de Língua Portuguesa (CIALP). Especialista externo do Prémio Mies van der Rohe/ União Europeia em 2015, 2017, 2019, 2021 e 2023, e membro dos júris do Prémio AICA de Arte e Arquitetura em 2018 e 2023, e do Prémio SECIL de Arquitetura em 2019.