História(s) do Cinema Português: "Noite Portuguesa". Projeção da ordem e anseio(s) de liberdade
Maria do Carmo Piçarra
HORÁRIO

21 de fevereiro a 27 de março de 2024

4ª-feira
19:30–22:30

DURAÇÃO

18 horas | 6 sessões

LOCAL

Escola das Artes – Universidade Autónoma de Lisboa (Campo de Ourique)

Este curso abordará os modos como o cinema foi instrumentalizado e projetou um suposto “modo português de estar no mundo” enquanto, paralelamente, e, através do Novo Cinema, resistiu aos constrangimentos impostos pela censura e engendrou modos de produção independentes do Estado. Revaloriza os autores invisibilizados pelo regime e pelo sistema dominante de produção, propondo também uma panorâmica sobre os cinemas de libertação nas ex-colónias portuguesas.

“Noite americana” designa a forma de escurecer uma sequência de planos filmados de dia. O módulo “Noite portuguesa” faz uma panorâmica sobre os modos – censura, política de financiamento de propaganda explícita ou de filmes nacionalistas, distribuição e exibição (particularizará o caso do Cinema Ambulante do SPN/SNI) – como o Estado Novo condicionou o cinema e realça as estratégias dos autores para libertar-se dos espartilhos ideológicos e a formatação impostos.

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Tópicos principais
  • Antecedentes. Nascimento do cinema numa nação. O mudo em Portugal. Do primeiro realizador de uma cinematografia (ainda) sem olhar, Leitão de Barros, ao cinema “tipicamente português”;
  • Nascimento da nação no cinema. Lopes Ribeiro e Leitão de Barros no contexto do cinema de propaganda. Influências e articulações internacionais (cinema nacional-socialista, soviético, fascista, “franquista”). Os anos de Ferro (1933-1949). Projecção da ordem. Cinema do Povo do SPN/SNI e propaganda;
  • A comédia à portuguesa (1933-1947). O “estranho caso” de Manoel de Oliveira e Brum do Canto. Experimentalismos e neorrealismo no cinema (1942-1965) (Areal);
  • A alvorada do cineclubismo. O Novo Cinema português (1962-1982). Os anos da Gulbenkian;
  • Censura ao cinema. “A queda do império” na propaganda colonial;
  • Os filmes das libertações: Filmes de Maldoror e “Behind the lines” do movimento de libertação da Guiné. O projeto de Amílcar Cabral.
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Bibliografia

AREAL, L. 2011. “Um neo-realismo singular: o cinema de Manuel Guimarães”. In LOPES, F. (Org.) Cinema em Português: Actas das II Jornadas. Covilhã: LabCom Books.

BAPTISTA, T. 2009. “Nacionalmente correcto: A invenção do cinema português”. Revista Estudos do Século XX 9, 307-323.

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CUNHA, P. 2010 “A censura e o novo cinema português”. In RIBEIRO, M. M. T. (coord.) Outros combates pela História. Coimbra: Universidade de Coimbra, 537-551.

CUNHA. P., LARANJEIRO, C. 2017 “Guiné-Bissau: do cinema de Estado ao cinema fora do Estado”. REBECA 10 v. 5 n. 2

CUNHA, P. 2010. “Manoel de Oliveira. De autor marginal a cineasta oficial”. In CUNHA, P. e SALLES, M. Olhares: Manoel de Oliveira. Rio de Janeiro Edições LCV/SR3/UERJ.

CUNHA, P. 2016. “Para uma história das histórias do cinema português”. Aniki: Revista portuguesa da imagem em movimento 3/1.

CUNHA, P. 2013. “Quando o cinema português foi moderno”. In CUNHA, P. e SALES, M., Cinema português: Um guia essencial. São Paulo: SESI-SP.

GRANJA, P. 2007. “Cineclubes e cinefilia: entre a cultura de massas e a cultura de elites”. Estudos do Século XX, 7, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 361-384.

GRAY, R. 2020. Cinemas of the Mozambican revolution. Anti-colonialism, independence and internationalism in filmmaking, 1968-1991. Boydell and Brewer, 15-64.

MONTEIRO, P. F. 2000. “Uma margem no centro: a arte e o poder do ‘novo cinema’”. In TORGAL, L. R. (ed.) O cinema sob o olhar de Salazar, Torgal. Lisboa: Círculo de Leitores, 306-338.

PIÇARRA, M. d. C. 2015. Azuis ultramarinos. Propaganda colonial e censura no cinema do Estado Novo. Lisboa: Edições 70.

PIÇARRA, M. d. C. 2022. Olhar de Maldoror. Singularidade de um cinema político. Porto: Edições Húmus.

PIÇARRA, M. d. C. 2020. Projectar a ordem. Cinema do Povo e propaganda salazarista. 1935-1954. Lisboa: OsPássaros.

PIÇARRA, M. d. C. 2013. “Uma cinematografia sem olhar ganha o primeiro realizador”. In CUNHA, P. e SALLES, M., Cinema português: Um guia essencial. São Paulo: SESI- SP.

PROPINAS

300, 00 €

Condições de pagamento
O pagamento poderá ser efetuado na totalidade aquando da inscrição.

Condições especiais
Desconto de 10% para comunidade Autónoma
Desconto de 30% para early birds (até 7 de fevereiro)
Desconto de 40% para sub-23

CONDIÇÕES DE ACESSO

Sem condições de acesso.

INSCRIÇÕES

Número de vagas: 18

O curso apenas se realizará mediante um número mínimo de alunos inscritos.

Maria do Carmo Piçarra

Maria do Carmo Piçarra é doutorada, mestre e licenciada em Ciências da Comunicação pela FCSH-UNL, além de ter feito investigação pós-doutoral (2015-2018) em Ciências da Comunicação no CECS-U. Minho e no CFAC-U. Reading. Foi adjunta da presidência do Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimédia (1998-1999), fundadora e co-editora (2012-2018) da ANIKI – Revista Portuguesa da Imagem em Movimento e é crítica e programadora de cinema. Foi bolseira da FCT (doutoramento e pós-doutoramento) e do Serviço de Belas Artes da Gulbenkian sendo bolseira da Fundação Oriente em 2018-19. Leccionou no ISCTE-IUL (2012-2016) e na Escola Superior de Educação – Instituto Politécnico de Setúbal (2014). Publicou, entre outros títulos e artigos, “Azuis ultramarinos. Propaganda colonial e censura no cinema do Estado Novo” (2015), “Salazar vai ao cinema I e II” (2006, 2011), e coordenou, com Jorge António, a trilogia Angola, “o nascimento de uma nação” (2013, 2014, 2015) e, com Teresa Castro, “(Re)Imagining African Independence. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire” (2017).