Fotografia © Tinta-da-China/ DR
Maria do Carmo Piçarra, docente da UAL e responsável pelo curso livre História(s) do Cinema, apresentou o seu mais recente livro, intitulado “Vento Leste: ‘Luso-orientalismo(s)’ nos filmes da didatura”, editado pela Tinta-da-China.
Analisando a filmografia existente, “Vento Leste” propõe que a escassez de filmes sobre o ‘Oriente português’ decorre sobretudo do valor simbólico destas comunidades imaginadas, evocadas com certa indefinição porque a sua relação com a metrópole estava há muito em desagregação, assentando em projecções e ruínas. Com o surgimento de tensões entre Portugal e a Índia quanto à autonomização da ‘Índia portuguesa’, a filmagem das colónias orientais surgiu da necessidade de a ditadura sedimentar um discurso luso‑orientalista, que, não obstante, ignorou as especificidades locais e a miríade de diferenças entre a África e a Ásia e entre os territórios colonizados nessas regiões.
A acontecer entre janeiro e março de 2024, na Escola das Artes, o curso livre História(s) do Cinema, orientado pela investigadora, abordará os modos – censura, política de financiamento de propaganda explícita ou de filmes nacionalistas, distribuição e exibição (particularizará o caso do Cinema Ambulante do SPN/SNI) – como o Estado Novo condicionou o cinema.